Por vezes sinto que a cidade me engole e me deixo levar entre a multidão, apenas como mais uma peça irrelevante do puzzle.
E no meio dos outros, entre o metro, o autocarro, no sobe e desce do elevador ou das escadas rolantes, deixo de ser eu própria, pareço mais um autómato.
No outro dia vinha uma mulher a chorar no metro cheio de gente e ninguém fez nada, incluindo eu, embora o meu olhar estivesse fixado nela e o nó na garganta fosse ficando cada vez mais apertado, não reagi, estava em modo autómato.
Não devíamos nós reagir às emoções?
Não devia olhar e reagir quando algo de fora de comum se passa ao meu lado?
Na verdade não estava habituada a ter mulheres com burca, homens a rezar o Alcorão ou um punk diariamente sentados ao meu lado no metro.
Mas quando somos devorados pela multidão, submergimos no som do ipod e na imensidão dos pensamentos e fingimos que está tudo bem e que nada de novo ou interessante se passa à nossa volta. E eu odeio isso.
19.6.07
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4 comentários:
Quando ando no Metro é como se estivesse num filme. Vejo as pessoas, divirto-me a imaginar o dia deles, etc, mas sem envolvimento, quase como se tivesse no zoo, ou assim. São os "outros" e não os "outros como eu". Houve um dia, em que resolvi sorrir para todos os que passassem por mim (acho que até fiz um post com isso) e tirando alguns miúdos que sorriram de volta, a amioria das pessoas olhou para mim como se fosse doida.
Às emoções reage-se sempre, nem que seja com um simples olhar e visível nó na garganta.
E às vezes esses pequenos sinais de cumplicidade fazem muito. Coisas que os autómatos não fazem.
Eu adoraria ver gente tao diferente.
Há sempre um outro olhar, um modo mais divertido de ver e aceitar as coisas - asnossas emoções e sentimentos. Nos somos parte das soluções.
Beijitos lindos
José Carlos Cabral
+351 96 57 33 894
http://jc-manera.blogspot.com
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